domingo, 19 de março de 2017

Na escola

As primeiras semanas na escola não foram muito fáceis para João e pra mim também não eu confesso.Na época ele estava com dois anos e meio,foram muitas mudanças,morávamos em Fortaleza e acabei me mudando para João Pessoa com a intenção de ficar mais próxima da minha mãe e proporcionar a ele convívio familiar, já que morávamos apenas nós dois.
Ele nunca foi daquelas crianças tagarelas que chegam em casa contando tudo do seu dia, não. Por mais que eu perguntasse,era sempre as mesmas respostas,"foi tudo bem".
Com o passar do tempo eu fui percebendo que ele era muito quieto em sala de aula,quieto a ponto de incomodar os mais danadinhos,fazendo deles sua distração,colando chicletes em seu cabelo,pegando seus brinquedos,empurrando-o ,sempre na certeza da falta de reação por parte de João. Uns dos grandes motivos do meu estresse,porque eu não conseguia entender porque ele não reagia a tais provocações,porque não devolvia as agressões,mas no fundo eu sabia que havia algo de  errado e que eu tinha de estar alerta.  Ainda me causa muita angústia relembrar dessa fase.
Mais crescidinho,ele começou a se recusar a participar das apresentações da escola e das festividades,e também não brincava na hora do recreio,fiava sentadinho,só observando a diversão das outras crianças.
Na última apresentação,ele tinha uns quatro anos e foi no teatro da cidade,ele ficou parado enquanto as outras crianças mostravam no palco o que tinham aprendido em seus ensaios. E João,porque ele ficou parado? A possibilidade dele ter TDA já assombrava a minha mente,mas eu fui levando,deixando que o tempo resolvesse tais questões,que na época,eram apenas suspeitas.
Aqui no nordeste ainda é de costume realizar desfiles das escolas em comemoração à Independência do Brasil,e eu resolvi que queria vê-lo desfilar com aquele traje de bandinha,luvas, instrumentos ,faixas da escola,enfim,seguir a tradição e hoje,quando vejo as fotos,não há uma,umazinha sequer que ele tenha saído sorrindo.
Eu ainda pedi um sorriso pra foto e ele fez um sorriso tão forçado que saiu engraçado.
Apesar da pediatra me dizer que toda essa tranquilidade fazia parte da personalidade dele,algo me dizia que eu tinha de estar alerta. E seguindo meus instintos procurei uma psicóloga quando ele ainda tinha quatro anos.
Ele odiava,tinha verdadeiro pavor,rs e eu vi que não estava fazendo diferença,paramos por conta própria. Grande erro,já que a terapia não é uma fórmula mágica,precisa de dedicação e paciência,um avanço positivo a cada sessão.


 Quando uma mãe percebe algo de "diferente" em seus filhos,esse sentimento nunca deve ser ignorado. Na época eu atribuía alguns comportamentos de João à minha superproteção,achava que ele era mimado e por isso tão ansioso e amedrontado. Na escola,nunca,nunca recebi reclamação de mal comportamento,bom demais não é,mas quando você ouve da professora que seu filho não brinca com outras crianças e não participa do recreio e se recusa a fazer parte das apresentações escolares e também das festividades,já não é tão bom não é mesmo. E quando na própria festa de aniversário ele se recusa a soprar a vela? Atrasos na fala,postura ruim,dicção ruim,baixa auto estima e vítima de bullying ,sim,meu filho foi diagnosticado com TDA( transtorno de déficit de atenção) e não,não faço uso da ritalina e nem pretendo fazer,ao invés disso,procurei ajuda na terapia e  em tantos outros métodos. Vou compartilhar com você as minhas experiências e mostrar que é possível fazer da vida o melhor que ela pode ser.

Um beijo no coração de todos.
TDA com amor.
Meire Melo